Cepel conclui P&D Aneel em tecnologia de manutenção de linha viva em ultra-alta tensão Corrente Contínua (UATCC) para a State Grid Brazil Holding

A metodologia de manutenção, inédita no Brasil, poderá ser usada no Linhão de Belo Monte e outras linhas de ±800 kV CC

O Cepel concluiu, em outubro, em seu Laboratório de Ultra-Alta Tensão, processo de transferência de tecnologia em linha viva para troca local de isoladores danificados nas linhas de ±800 kV CC de Belo Monte, em situação de manutenção. A atividade consistiu na última etapa do projeto de P&D Aneel “Desenvolvimento de Metodologia de Manutenção em Linha Viva e Avaliação de Confiabilidade sob Poluição de Cadeias de Isoladores com Unidades danificadas para Linhas de Transmissão de UATCC – 800 kV”, executado pelo Centro, tendo a State Grid Brazil Holding como patrocinadora, e cuja duração foi de 32 meses.

“Com esta atividade, este projeto de P&D, realizado com recursos fundamentados na Lei 9.991, que dispõe sobre realização de investimentos em P&D e em eficiência energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica, atinge plenamente seu objetivo ao disponibilizar um procedimento prático e seguro para viabilizar um trabalho tão importante para confiabilidade dos sistemas UATCC no  Brasil”, ressalta o pesquisador José Antonio Daffonseca Santiago Cardoso, integrante da equipe do projeto pelo Cepel.

Com mais de 2.000 km de extensão, as linhas de ±800 kV CC são importantes ativos do sistema de transmissão brasileiro, sendo responsáveis por escoar a energia gerada pela Usina Hidrelétrica (UHE) Belo Monte, localizada no Pará, para a Região Sudeste, centro de carga do país. No entanto, ainda não havia no Brasil metodologia para manutenção em linha viva neste nível de tensão.

Cardoso explica que, devido à impossibilidade de desligamento da linha no campo e ao fato de o uso da roupa condutiva para sistemas de UAT ainda não ter sido homologado pelo Ministério do Trabalho, a atividade de transferência de tecnologia só pôde ser realizada porque o Cepel conta com equipe multidisciplinar e dispõe do Laboratório de Ultra-Alta Tensão. “Trata-se de laboratório único na América Latina, capaz de executar ensaios dielétricos para pesquisa experimental, desenvolvimento e avaliação de desempenho, em Corrente Alternada (CA) e Corrente Contínua (CC), de configurações de linhas de transmissão, cadeias de isoladores e outros componentes de linhas até classes de tensão em 1.200 kV CA e ± 1.000 kV CC”, ressalta o pesquisador, acrescentando que a atividade contou com equipe e ferramentas da Xingu Rio Transmissora de Energia (XRTE).

O projeto e suas etapas

As etapas iniciais do projeto contemplaram ensaios em laboratório para definição de suportabilidade dielétrica da cadeia de isoladores sob diversas condições: limpa, sob poluição, com isoladores quebrados e com a instalação do material de linha viva. Após a obtenção dessas informações, foi possível chegar ao objetivo final: definição da metodologia para substituição de isoladores danificados.

A infraestrutura montada no laboratório para o repasse da técnica contou com uma torre real de suspensão, duas cadeias de isoladores de vidro e 200 metros de feixe com 6 condutores em cada polo. Além disso, foram utilizados como suporte uma plataforma elevatória de 40 m de altura, um drone e filmadora para registro das imagens.

O passo a passo para execução do serviço foi definido tendo como base as indicações dos diferentes locais de troca do isolador na cadeia de suspensão, garantindo segurança pessoal e sistêmica. “Neste método, não há necessidade da remoção completa da cadeia, o que é tradicionalmente realizado em outras linhas, mas apenas das unidades de isoladores danificados. O procedimento de trabalho foi discutido previamente com as equipes técnicas e de segurança do trabalho da State Grid e da XRTE”, assinala Cardoso.

Inicialmente, o trabalho envolveu a discussão das atividades programadas e treinamento à baixa altura, utilizando a infraestrutura do Laboratório de Ensaios sob Poluição do Cepel para a aplicação da ferramenta de troca de isoladores. Na oportunidade, foram observados aspectos de montagem e posicionamento do eletricista para a realização da atividade. Na sequência, foi realizada, então, a substituição de isoladores em quatro posições distintas da cadeia: isolador lado polo, isolador lado terra, isolador seção inferior e seção superior da cadeia de isoladores.

“A ação foi realizada da forma mais próxima possível à realidade de campo, excetuando-se a presença de tensão elétrica. Os eletricistas utilizaram os EPI completos, inclusive roupa condutiva, subiram e se posicionaram na torre, levaram as ferramentas com as cordas, para avaliação prática do método em condições de maior esforço dos técnicos. Na ocasião, diversos pontos no procedimento precisaram ser ajustados para torná-lo mais prático e seguro para execução em campo”, elucida Cardoso.

O trabalho no Cepel foi coordenado pelos pesquisadores Cardoso e Ricardo Wesley S. Garcia, e contou com equipes de técnicos do Laboratório e de montagem de arranjos para ensaios. Pela XRTE, participaram: Rodney Moraes Enes, Jefferson Rezende da Cruz, Carlos Henrique Ceregatti, Higor Roberto Domingues da Silva, Keueston da Silva e Silva, Paulo Chaves Sousa, Amauri Francisco Gomes, Leonardo Moraes Sichi, Rafael dos Santos Ferreira, Fabricio Luiz da Paz, Juarez Gomes e Leonardo Gama Faria.

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