Uma das áreas de atuação do Cepel está voltada para criar soluções tecnológicas para aplicação em sistemas de transmissão de energia elétrica. Alinhada com este direcionamento de pesquisa, em 2018, foi indicado pela State Grid Brazil Holding (SGBH) um projeto, no âmbito do programa de P&D da ANEEL, que tinha como objetivo principal estabelecer um procedimento de manutenção em linha viva para troca de isoladores nas linhas de ±800 kV CC. A proposta envolvia a aplicação de uma técnica inédita de acesso do eletricista no meio da cadeia de isoladores utilizando uma cadeira isolante.
Contando com a infraestrutura laboratorial de Ultra Alta Tensão (UAT) do Cepel, na sua unidade Adrianópolis, que consiste em um laboratório ao tempo, com capacidade para realizar experimentos e pesquisas em arranjos de linhas de até 1200 kV CA e ±1000 kV CC, foi montada uma cabeça de torre do tipo estaiada de ±800 kV CC, com todos os componentes da linha real do sistema UAT_CC brasileiro, incluindo o arranjo com seis subcondutores por polo.
A partir de estudos prévios, foram estabelecidos parâmetros técnicos relacionados à segurança dos eletricistas que foram exaustivamente avaliados no laboratório do Cepel, criando a metodologia de trabalho em linha viva para a troca de isoladores quebrados em diferentes posições na cadeia de isoladores. Posteriormente, usando a mesma estrutura do arranjo experimental, foram realizadas atividades práticas para fins de treinamento da equipe de eletricistas responsável pelo serviço na linha real, conforme pode ser visto nas fotos abaixo.
Metodologia na prática
No último dia 15 de dezembro, a convite da Xingu Rio Transmissora de Energia S. A. (XRTE), responsável pela operação e manutenção de um dos bipolos de Belo Monte, os pesquisadores do Cepel, José Antônio d’Affonseca Cardoso e Ricardo Wesley Salles Garcia, que fizeram parte da equipe do projeto de P&D para a SGBH, acompanharam a primeira atividade de substituição de isolador quebrado, em condições reais no campo, utilizando a metodologia proposta, que ocorreu em uma estrutura da linha localizada no município de Porto Nacional, no Estado do Tocantins, documentada nas fotos a seguir.
“É muito gratificante ver o resultado de um trabalho desenvolvido no laboratório sendo aplicado de forma tão direta como esta metodologia, focada na segurança dos eletricistas que, além de trabalharem numa condição extremamente estressante, a mais de 40 m de altura, têm que estar protegidos de riscos elétricos quando submetidos a campos elétricos elevados”, avalia o pesquisador Ricardo Wesley.
“A metodologia estabelecida trará significativos ganhos à empresa em pelo menos dois aspectos: tende a reduzir o tempo despendido nas intervenções bem como o número de eletricistas necessários para realização da atividade, garantindo assim produtividade e confiabilidade, e evitará gastos expressivos com pagamentos de parcela variável por indisponibilidade, já que é desnecessário desligar a linha para os serviços”, reforça Ricardo Wesley.
