Em agosto, uma equipe do Cepel realizou uma atividade de monitoramento na Subestação Pirapama II, da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), na região metropolitana de Recife. Para o trabalho, foi aplicada uma combinação inédita de técnicas de medição e avaliação em um transformador de potência da classe de tensão de 230kV da unidade, localizado em Cabo Santo Agostinho, que abastece o grande Recife e está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). 

A confiabilidade do sistema e a disponibilidade dos ativos são grandes preocupações das empresas que atuam no setor elétrico brasileiro atualmente. Foi nesse contexto que a Chesf buscou apoio do Cepel para realizar o procedimento, que faz parte do plano de manutenção em ativos de seu sistema elétrico. 

Para obter melhores resultados, a equipe do Centro propôs, além dos testes tradicionais de emissão acústica, a realização em conjunto de medição de descargas parciais utilizando sensores especiais, do tipo transformadores de corrente com resposta em alta frequência, conhecidos como HFCT (High Frequency Currente Transformer), conectados ao cabo de aterramento do transformador. Para registrar e analisar os sinais de forma contínua durante cerca de 48 horas, foi utilizado o sistema IMA-DP, desenvolvido pelo Cepel. 

As técnicas de medição e avaliação de equipamentos de alta tensão já vêm sendo empregada pelo Cepel desde 2010 em diversos equipamentos de menor porte, como para-raios, transformadores de corrente, transformadores de potencial, disjuntores, entre outros. Atualmente, a equipe que desenvolve soluções nesta área começa a aplicá-las em transformadores de potência, os maiores e mais importantes equipamentos de uma subestação de energia elétrica. 

“Os resultados foram, de certo modo, surpreendentes, indicando um caminho bastante promissor. Estamos diante de um dos maiores avanços tecnológicos nesta área nos últimos tempos”, afirma Hélio Amorim, gerente do projeto IMA. O pesquisador explica que há um grande potencial na aplicação conjunta das duas metodologias, a emissão acústica e o método elétrico. Ambas podem ser realizadas sem a necessidade de desligamento do equipamento, são de baixo custo financeiro e podem ser instaladas continuamente, permitindo o acompanhamento permanente, especialmente daqueles equipamentos que apresentam alguma suspeição. 

O avanço demonstra o esforço permanente do Cepel, em seu papel de centro de pesquisas, de manter a atualização tecnológica de suas soluções por meio de pesquisa contínua, gerando conhecimento e valor para as empresas e instituições do setor elétrico brasileiro. 

Detalhes das técnicas utilizadas 

O monitoramento por Emissão Acústica é baseado na utilização de sensores piezoelétricos, sensibilizados por vibração causada por ondas sonoras. Desta forma, os sensores são instalados nas paredes externas do equipamento. Qualquer sinal sonoro gerado em seu interior poderá ser capturado, transformado em sinal elétrico e transmitido ao sistema de aquisição de dados. Este sistema executa processamentos matemáticos que podem gerar informações como a localização da fonte de sinais e o tipo de fonte: se mecânica, causado por alguma vibração interna; ou se elétrica, causada por descargas parciais ou até mesmo arco elétrico interno. 

“Nesta atividade, utilizamos rotinas desenvolvidas no projeto IMA-Acústico, ou seja, uma ferramenta totalmente desenvolvida pelos pesquisadores do Cepel e que estamos tratando como um produto disruptivo tecnologicamente, e que nos colocará numa situação em destaque no Brasil e no mundo”, conclui Hélio Amorim, que contou com o apoio do pesquisador Thiago Baptista e do técnico Neiton Prata, do Cepel, e de Italo Vilar e Carlos Rodolfo, da Chesf, na realização da atividade.